A Lagoa das Sete Cidades é muito provavelmente o monumento natural mais icónico e reconhecido dos Açores. Numa região com tão grande número de paisagens marcantes, a imagem das Sete Cidades é inúmeras vezes elegida para representar ou promover a ilha de São Miguel e o arquipélago. Nomeada uma das Sete Maravilhas de Portugal e classificada como Paisagem Protegida da Rede Natura 2000, as Sete Cidades são um local único no mundo, que qualquer viajante de passagem por estas ilhas tem o dever de visitar. Neste artigo damos a conhecer um pouco mais sobre o ex libris açoriano e desvendamos algumas dicas sobre os miradouros, alojamentos e atividades a saber na zona.
A Lagoa das Sete Cidades, que à primeira vista parece dividida em duas - a lagoa azul e a lagoa verde-, é na verdade um único e o maior reservatório natural de água doce de superfície dos Açores, ocupando grande parte do fundo de uma das maiores caldeiras de abatimento do mundo. Um verdadeiro fenómeno natural. A lagoa, tal como a freguesia que habita a sua margem, devem o seu nome à ilha das Sete Cidades, também conhecida por Antília. Um pedaço de terra fantasmagórico, por muitos marujos avistado no Atlântico Norte, que inspirou a exploração marítima de vários reinos durante séculos sem nunca ser encontrada.
Ainda numa nota de fantasia e misticismo – a tradição oral açoriana é pródiga em grandes contos-, reza a lenda que a lagoa das Sete Cidades deve as suas cores às lágrimas de uma princesa e dum pastor. Filha do rei desta terra encantada, a jovem princesa conheceu um pastor, durante o seu passeio pelo campo, com quem passou a conversar todos os dias. Apaixonaram-se perdidamente. Sabendo disso, o pai, que tinha planeado já o casamento de sua filha com um príncipe de um reino vizinho, proibiu a princesa de continuar a encontrar-se com o pastor, concedendo-lhe um último encontro. Foi aí que a jovem princesa, cujos olhos eram azuis, e o pastor, que tinha olhos verdes, choraram tanto que deram origem às lagoas verde e azul. Na verdade, a lagoa verde, mais pequena, apenas reflete a cor da densa vegetação que a circunda, e a azul, em dias de bom tempo, reflete o azul do céu.
Bem perto do Miradouro Vista do Rei está o famoso hotel abandonado Monte Palace. Inaugurado em 1989, foi o primeiro hotel de cinco estrelas da região e até chegou a vencer o prémio de Melhor Hotel do Ano em Portugal, no ano seguinte à sua inauguração. Os funcionários receberam a notícia que o hotel ia fechar enquanto o director recebia o prémio em Lisboa. O edifício, que contava com 88 quartos, três salas de conferência, um cabeleireiro, um banco, um café, um bar e uma discoteca, esteve apenas um ano e meio aberto.
Sem qualquer hotel a operar de momento nas Sete Cidades, destacam-se as pequenas unidades de turismo rural e alojamento local. No centro da freguesia, rodeadas dos simpáticos vizinhos locais, estão as casas dos Avós, dos Pais e dos Filhos, três habitações de diferentes tipologias, totalmente preparadas para férias em família ou com a cara metade. As casas, que poderão ser reservadas aqui https://www.livingazores.com/houses/ , distam algumas centenas de metros da lagoa e estão muitos próximas de supermercados e restaurantes. Destes, há a destacar o restaurante de comida regional "Lagoa Azul" e o novo espaço "O Poejo", que para além de servir refeições, é também uma casa de chá.
As Sete Cidades são um local de excelência para a prática de vários tipos de atividades. Amantes de desportos aquáticos, como a canoagem e o stand-up paddel, de passeios pedestres, a cavalo e de BTT e até observadores de aves podem encontrar na cratera e nas suas encostas o lugar ideal para praticarem os seus hobbies.
Dos oitenta trilhos oficiais dos Açores – são 29 só na ilha de São Miguel – dois deles percorrem as encostas desta cratera adormecida. Um é o trilho "PR03-SMI Vista do Rei –Sete Cidades", que permite aos visitantes caminharem a vertente sudoeste da cumeeira, descendo depois até ao centro da freguesia. Este percurso fácil, apropriado para pessoas de todas as idades desde que em razoável condição física, é de percurso linear (não volta ao lugar de partida), e tem 7.7kms de extensão, que podem ser concluídos em cerca de duas horas. O outro percurso é o "PPR4-SMI Mata do Canário- Sete Cidades", um pouco mais longo e exigente do que o primeiro, ainda que classificado como fácil também. A caminhada pela zona Este da cumeeira, que no final desce até à freguesia, tem 11.8kms de extensão, é também de percurso linear, e demora cerca de 3 horas a concluir.
No que toca às atividades aquáticas, é possível alugar caiaques e pranchas de stand-up paddle mesmo junto à margem durante os meses de verão. É também possível a reserva destes equipamentos através de marcação prévia em qualquer altura do ano através das empresas Garoupa, Futurismo ou Picos de Aventura, que prestam serviços nesta área. Com as últimas duas é também possível alugar bicicletas e reservar passeios para observação de aves. Quanto aos passeios de cavalo, é possível reservar através da Quinta do Freio, Equiaçor e com a Quinta de Terça.
Ainda que muitas vezes o local esteja encoberto por espessas nuvens, a vista dos vários miradouros existentes em dias limpos é simplesmente de cortar a respiração. O Miradouro Vista do Rei, assim conhecido por ter recebido a visita do rei D. Carlos I e Rainha D.Amélia em 1901, é o mais conhecido e concorrido das Sete Cidades. Com um acesso não tão fácil, mas por muitos considerado o mais bonito da região, o Miradouro da Boca do Inferno tem uma vista privilegiada sobre quatro lagoas e grande parte da serra envolvente. Também chamado de Grota do Inferno, este miradouro tem sido repetidas vezes a imagem escolhida para promover os Açores em blogs, revistas e outdoors. Para além destes dois, destacam-se ainda os miradouros do Cerrado das Freiras e o miradouro da Lagoa de Santiago.
É verdade, nas Sete Cidades não existe apenas a Lagoa das Sete Cidades. Neste enorme vulcão adormecido contam-se ainda as lagoas de Santiago, do Canário, a Lagoa Rasa e as Empadadas. São lagoas mais pequenas, algumas até escondidas, mas vale a pena o desvio para as ir ver. Merecedor de uma visita é também o Aqueduto das Nove Janelas, que em tempos estava encarregue de levar a água da Lagoa das Empadadas até aos fontanários de Ponta Delgada.